segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Capeta´lismo... O dinheiro vale mais que você!


Como pensa um capitalista
Primeiro não podemos esquecer que o capitalismo, somente funciona para um lado da sociedade. Apenas funciona para aquele nascido em berço de ouro e que sempre teve tudo que precisou e muito mais. Também, por incrível que pareça, em todos os países que poderíamos chamar de "capitalistas bem sucedidos", estranhamente este sucesso foi fundado à custa do sangue e sofrimento alheio. O capitalismo, com sua incrível criatividade para descobrir maneiras de ganhar mais, fazendo menos e explorando mais, criou a conveniente filosofia do liberalismo, onde o Estado não deve fazer nada, não deve proteger ninguém, posto que elas é que devem lutar sozinhas, de maneira completamente 'justa' contra seus patrões - que por ventura vivem a milhares de km em um país distante - para poder ganhar o suficiente para viver e ainda sobrar um tempinho no final da madrugada para ver seus filhos. Esta bela filosofia tão largamente defendida pelos capitalistas também prega que ninguém tem responsabilidade por nada além de si mesmo, sendo assim, quem quiser sobreviver que mate e pise em cima de quem for preciso para poder pagar sua educação, saúde, aposentadoria, segurança, afinal, a lei do SE VIRA, afinal de contas, todos estes gastos 'inúteis' que protegem um bando de 'preguiçosos' - esses pobres chorões, os quais o capitalista escraviza, mas não tem nada a ver com eles - e retiram mercado e ainda o impedem de ter mais lucros para seus paupérrimos cofres, que vivem de 'barriga vazia' - a única 'barriga' que importa afinal são os cofres. Na verdade, o Estado até tem uma importante função - garantir justos privilégios e segurança contra a corja de 'pobres' que é gananciosa e só quer roubar o fruto do suor que os capitalistas suam diariamente quando delegam ordens para seus funcionários.
Carta de um capitalista:

Os capitalistas, ao contrário do que muitos pensam, sofrem muito. Sofrem quando escutam que suas empresas tiveram uma diminuição em seus lucros em 5%, ou então quando algum "comunistazinho" vem dizer como ele tem que dar o 'suado' dinheiro dele - pelo qual ele teve que fazer muitas e cansativas viagens internacionais em primeira classe, para poder fazer negócios e impor seus interesses aos inúteis e irritantes "pobres chorões" - em causas sociais. Social? Nunca ouvi falar nesta palavra, nunca vi na planilha de lucros.

Nós capitalistas, também somos lutadores, pois se não lutarmos por nosso interesses, quem lutará? Por isso que nós temos sempre o número de telefone da Fundação dos Meus Interesses (FMI) para poder ajudar-me na luta contra os pobres chorões, que vez por outra querem sair da linha e diminuir meus lucros.

Pior é quando aquele bando de retardados mentais dos ativistas ambientais, vêm aborrecer a mim e aos meus amigos capitalistas enquanto nós estamos tomando banho em nossas respectivas banheiras (mas a minha é a mais luxuosa!) de mármore - que foi extraído por crianças em algum país na África, América Latina ou Ásia (o trabalho infantil é muito mais lucrativo, afinal de contas, a gente praticamente não precisa pagá-los) - dizendo que uns cubos de gelo lá pro norte - como aqueles que eu tenho na geladeira - estão derretendo devido à fumaça das minhas indústrias. Afinal de contas, esses ambientalistazinhos preguiçosos, se quiserem, trabalhem e comprem uma geladeira só eles.

Mas eu e todos os meus amigos, realmente não suportamos quando umas agências malucas como a Human Rights Watch (dos diabos), vêm dizer como EU tenho que tratar aqueles trabalhadorzinhos reclamões que nem chegam a passar o dia todo trabalhando e ainda querem q eu tire do MEU bolso um aumento de salários. Bastardos!

Mas pelo menos eu e os outros capitalistas podemos dormir tranqüilos, sabendo que os "intelectuais" bem pagos por nós, os políticos - ricamente subornados - e todos aqueles amigos nossos garantirão que nada toque no nosso dinheiro suado.

Às vezes os malditos e insignificantes empregados vem reclamar por melhores condições, dizem que têm direitos a escolas e blábláblá.
Se pobres chorões desejam melhor educação, saúde e essas baboseiras todas que eles falam, que se apresentem nas fábricas e bancos capitalistas (mas sempre aos meus!) 24h por dia, sem reclamar, que talvez eu e os outros patrões capitalistas pensem em colocar essas tolices na lista de coisas que nunca serão feitas, e se sintam por satisfeitos por eu já ter dado ouvido a tantas tolices! - afinal, quem eles pensam q eu sou? A mão deles?

Ah, quase ia esquecendo, mas o lembrete do meu palmtop me atinou - se esses pobres chorões querem liberdade de expressão, nos jornais do mundo, que são meus e de meus amigos capitalistas é que não será onde eles terão voz. Eles que tentem ir pro BBB!

Ass. - Capitalista


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domingo, 25 de fevereiro de 2007

Por trás da Lente


Esta foto que retrata a mais profunda tristeza da humanidade, que nos mostra até onde chegou nossa indiferença, nosso descaso e nossa desumanidade, foi tirada pelo fotojornalista sul-africano Kevin Carter.
Kevin fazia parte de um grupo de quatro amigos, Greg Mrinovich, Ken Oosterbroek e João Silva, também fotojornalistas e conhecidos por Clube do Bangue Bangue, que iam à zonas de guerra para tirar fotos dos acontecimentos. Em 93 durante a guerra entre o governo sudanês e o grupo guerrilheiro SPLA (Exército de Libertação do Povo Sudanês), onde milhares de pessoas se tornaram refugiadas, outras tantas morriam de fome, o grupo para lá se dirigiu para cobrir o conflito.
A foto retrata uma menina à beira da morte por inanição que se arrastava para um campo de refugiados da ONU. Atrás dela pode-se ver um urubu esperando a iminente morte da pobre criança. Carter tirou a foto e foi embora. Ganhou o Prêmio Pulitzer de 1994. Em junho do mesmo ano se suicidou.

“O homem ajustando suas lentes para conseguir o enquadramento perfeito de seu sofrimento também é um predador. Apenas outro abutre na cena.”
Kevin Carter

Ele não se perdoou por ter ido embora sem ter ajudado aquela menina. Quando foi que nos tornamos tão indiferentes ao sofrimento? Como construímos esta parede que nos separa das coisas que deviam nos causar indignação e ímpeto para a solidariedade, a fraternidade, a humanidade?
“É preciso endurecer, porém sem perder a ternura jamais” Che Guevara.
A tristeza de nosso mundo deve nos tocar, apesar de tão duradoura e sofrida. Não devemos esquecer nosso semelhante e devemos sempre lutar por ele.

Não nos tornemos abutres...

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O câncer do mundo...


"Os Estados Unidos insistem que não estão planejando um ataque contra o Irã e que estão tentando persuadir Teerã a pôr fim ao seu programa de enriquecimento de urânio."




A hipocrisia não tem limites mesmo, não é?! Os EUA, que são um dos países com o maior arsenal bélico nuclear do planeta (juntamente com a Rússia) e que utilizam a tecnologia largamente tanto para fins pacíficos (centenas de uzinas nucleares - quase 30% da matriz energética) quanto para finz bélicos. Lembrem-se que os EUA são o único país a usar a bomba atômica em guerra e utilizam bombas contendo material radioativo (uránio empobrecido - U 238) , chamadas bombas sujas, desde a guerra do golfo.


"O Vietnã foi uma guerra química - contaminando de modo permanente grandes regiões e países usando armas como o Agente Laranja - e ambientalmente a mais devastadora guerra da história mundial. Mas desde 1991 os EUA dirigiram quatro guerras nucleares utilizando armamento com urânio empobrecido (U 238) o qual, tal como o Agente Laranja, cumpre a definição do governo americano de Armas de Destruição em Massa. Vastas regiões no Médio Oriente e na Ásia Central foram contaminadas permanentemente com radiação.


Recentemente a American Free Press lançou uma "bomba suja" sobre o Pentágono ao revelar que oito em cada 20 homens que serviram numa unidade na ofensiva militar americana de 2003 no Iraque agora têm tumores (malignancies). Isto significa que 40 por cento dos soldados naquela unidade desenvolveram tumores num período de apenas 16 meses.


Cientistas que estudaram os efeitos biológicos do urânio na década de 60 relataram que ele atinge o DNA. Marion Fulk, um físico-químico nuclear aposentado do Livermore Nuclear Weapons Lab e anteriormente envolvido no Manhattan Project, interpreta os novos e rápidos tumores nos soldados da guerra de 2003 como "espectaculares... e uma matéria de preocupação."




E eles ainda ousam impor ao resto do mundo que não devem desenvolver a tecnologia! Que quem tenta desenvolvê-la são uma ameaça! Se eles são uma ameaça por tentar desenvolver tal tecnologia, os EUA, por terem tais bombas em quantidade suficiente para destruir todo o planeta várias vezes, são o que?!


Alegam que os iranianos são uma ameaça à paz e à estabilidade mundial. Estes que saem de uma guerra e entram em outra, têm que autoridade em falar que alguém seja uma ameaça ao mundo?


Alegam também que alguém precisa proteger o mundo de tais ameaças. Eu sempre me pergunto, quem nos protegerá dos EUA?


O maior câncer não está nos corpos das vítimas das guerras causadas pelos americanos. O maior câncer são os próprios americanos, para toda a humanidade.


Alessandro Muniz

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Pobre esfera...


Filho da Esfera

Árdego filho da esfera,
Guerreiro do crepúsculo e arrebol,
Rasgas o seio desta terra,
Roubas p´ra ti o vigor do sol;

Ergue mais alto que o céu
Tua morada, sonhos e conquistas,
Cubras os mistérios com teu véu
De ciência, fé e de artistas.

És soberano sobre o universo
De teus olhos atrozes e imaginativos,
Conflitas o bondoso e o perverso,

Lutando contra ti e teus convivas.
Tu segues eterno e humano deserto,
Filho da esfera, homem, Midas,

Rumo à um fim cheio de ouro,
Destruição, morte, agouro,
Quando matares a esfera e a vida.

Simultaneamente...


Enquanto

Uma mão avança rumo ao copo,
Enche-o de bebida e leva-o á boca;

No mesmo instante, cai um homem roto,
Desesperado e fraco pela fome que o enforca;

O líquido frio adoça-lhe o paladar,
Satisfaz o efêmero apetite inacabável;

O ventre retraído está por terminar
A vida deste faminto invisível, inominável;

Ele olha ao redor, lhe vem ao pensamento
Que a farta existência vivida não é o bastante;

As pernas tremem, o corpo está doente.
A aridez que o cerca tinge-lhe o semblante;

Um novo gole, e ambiciona algo mais,
Talvez algum outro luxo que traga felicidade;

As últimas forças desaparecem e caído jaz,
Aquele pobre homem morreu, e n´outra parte

Algum jovem rico desfruta da desigualdade,
Deleita-se na bonança, enquanto morre a humanidade.



Nunca viverá quem tem medo de amar...


Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não


Vinícius de Moraes

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Apolíticos...


O ANALFABETO POLÍTICO

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentois políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe,
da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem de decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, o assaltante e o pior dos bandidos,
o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio
das empresasa nacionais e multinacionais"

Bertolt Brecht

Jogando os dados...


Jogador

Jogador dos dados da vida, da roleta do destino,
Da loteria do futuro, da imprecisão da esperança;
Jogador desnorteado, rumo ao desatino,
Na eterna tentativa desta dança.

Arriscando sete espadas até o fim,
Quem seria se não fizesse assim?
Sou apenas como eu nasci,
E jogo estes dados para mim.

Que a sorte me acompanhe, mesmo
Distante, irrelevante, inusitada.
Sei que é uma armadilha preparada

Atirar-se rumo ao vento, neste ermo
Caminho de eterna jogatina e luto,
Mas minha sina é apostar tudo.

A chuva purifica o ar e nossas almas...


Chuva de vida

Quando do paraíso se desgarra
Uma nuvem de perfeição umidificada
E destila única gota de milagre,
A Terra com a vida é consagrada.

Esta gota singra os céus e vai caindo,
O abismo vai-lhe roubando divindade,
Terminando em humana realidade,
Inocência de bebê que nasce rindo.

Surge então o princípio da jornada,
Nuvens negras cobrem o dia ensolarado,
Onde o espírito pelo negro é ofuscado
E os anjos atiram flechas encharcadas.

Chove, e chove intermitente -
Experiências, aventuras e desgraças.
A bondade e a maldade nos perpassa,
Molhando nossa existência de repente.

E renovar-se nessas flechas azuladas
É nosso objetivo de viagem,
Posto que a chuva está só de passagem,
Como passageiras são as paradas;

Não adianta proteger-se da trovejada,
Esquivar-se apenas trará arrependimento.
De viver ninguém está isento;
Não é glória ter a tinta que não foi pintada.

Pois que caia sobre nós o oceano,
Que vença em minh’alma toda treva
E a estiagem mostrará bônus ou dano:
Para onde o rio formado nos leva;

Porque cada tormenta é uma parte
Da constante evolução do eu,
Do retorno do homem ao céu,
O mundo de luz e de arte;

Assim nossa alma é lavada
E novamente às alturas elevada.
Nas gotas de chuva a vida nos foi dada,
A luz do sol marca o fim desta estrada.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Sobre os senhores do mundo... e aqueles que fazem o que eles fazem...


Ossos do ofício

Quem são vocês?! Por que ninguém se move?!
O peso de seus corpos solitários é demasiado,
A fraqueza destas almas tão vazias é tamanha
Que não há forças! Há preços, há vantagens!
Mas, quem sai ganhando?
Quem sempre ganha,
E há muito não precisa mais ganhar!

Todos aqueles que nasceram perdedores
E nesta selva serão os explorados,
Aqueles filhos de escravos,
Futuros pais carregadores de fardos,
Estes serão sempre oprimidos
Pelo peso de sua preguiçosa riqueza.

As douradas correntes que pendem
De seus pescoços
Enjaulam essas crianças.
Mas ainda não alcançaste todo o lucro
Que se pode ter nesta ‘feliz’ existência!

Sim, sim, sim! Queres voar! Beber! Comer! Comprar!
Afogando suas mágoas depressivas em prazeres,
Tantas sensações exacerbadas, jorros de euforia...
Até acabarem-se as pílulas, as embalagens e o sangue alheio.

Ainda está longe, tão distante de que este mar de maltrapilhos,
Malditos desgraçados de tua diversão
Desapareçam finalmente para o abismo de seus destinos.
Aproveite ao máximo, como sabes fazer bem,
E descanse em tua cama de ossos,
Repouse sobre milhares de urnas mortuárias
E sobre aqueles ossos que estão jogados ao vento,
Aguardando a certeza de tua reeleição.

Ah, é este o final...
Tua única luta será esta!
Manter tuas flores carniceiras,
Pendurar esta superfície sanguinária
Na existência tua vida desumana,
Dominado pela máscara do capital,
A máscara da morte, afinal.

"O progresso é a concretização de utopias" Oscar Wilde



Um Mundo

Onde não há desabrigados nem famintos,
Onde há escolas, enfermarias, parques
Há saúde, educação de qualidade
Mas não há da ganância, liberdade.

Existe um lugar onde um não é mais que outro;
E a balança humana está equilibrada,
Não havendo desigualdade, só diferenças
Que movem o mundo, sem desavenças.

Onde a união é hino em todas as bocas,
E a injustiça fogo que os incita a lutar.
Lá, ninguém precisa de nada mais,
O simples basta, saber, viver, amar e paz.

Um lugar onde a liberdade é única, é de todos;
Não há livres indivíduos, há uma comunidade livre.
Seu direito acaba onde do outro começa,
E todos convivem sem que nada se prive.
A solidariedade é prioridade.

Uma sociedade justa, sem interesses
De poucos, mal de inúmeros.
Uma terra de trabalho e amizade.
Não lutam uns contra os outros,
Lutam por todos.

Social, comum, igual,
Um mundo sem egos.