segunda-feira, 25 de maio de 2009

É o amor...


Canção

O peso do mundo
.....é o amor.
Sob o fardo
.....da solidão,

sob o fardo
.....da insatisfação.

.....o peso
o peso que carregamos
.....é o amor.

Quem poderia negá-lo?
.....Em sonhos
nos toca
.....o corpo,
em pensamentos
.....constrói
um milagre,
.....na imaginação
aflige-se
.....até tornar-se
huamano -

sai para fora do coração
.....ardendo de pureza -
pois o fardo da vida
.....é o amor,

mas nós carregamos o peso
.....cansados
e assim temos que descansar
nos braços do amor
.....finalmente
temos que descansar nos braços
.....do amor.

Nenhum descanso
.....sem amor,
nenhum sono
.....sem sonhos
de amor -
.....quer seteja louco ou frio,
obcecado por anjos
.....ou por máquinas,
o último desejo
.....é o amor
- não pode ser amargo
.....não pode ser negado
não pode ser contido
.....quando negado:

o peso é demasiado.

- deve dar-se
sem nada de volta
.....assim como o pensamento
é dado
.....na solidão
em toda a excelência
.....do seu excesso.

Os corpos quentes
.....brilham juntos
na escuridão,
.....a mão se move
para o centro
.....da carne,
a pele treme
.....na felicidade
e a alma sobe
.....feliz até o olho -

sim, sim
.....é isso que
eu queria,
.....eu sempre quis,
eu sempre quis
.....voltar
ao corpo
.....em que nasci.

Allen Ginsberg

Montanhas russas reunidas em círculos...


Profecias...
Montanhas russas reunidas em círculos


Montanhas russas reunidas em círculos
Rodopiando em discussões extensas
Um cotidiano nada rotineiro
Aprisiona e liberta em horários e exaustões...

E o estar presente quase incomoda
O sentimento de dever borbulha nos ouvidos
As ações são impulsionadas por princípios
Que não cansam nem esmorecem
Ainda que o corpo deseje a inércia...

Claro, óbvio e inegável é
Que tal desejo absurdo
É meramente provisório, tempos de açúcar
Quando os encontros sobrepõem-se aos pensamentos
E as tempestades nos pegam sem varandas ou tetos.

Suspiro, retomando o ar deixado na última sala,
O fôlego ansioso por um balanço tranquilo.
Acontece que lá fora não parece haver trégua
Pois são máquinas as forças contrárias e malévolas...

Não suam, não dormem e não se intimidam
Ante o infinito amor que temos.
E esse amor, mesmo infinito,
Não sendo como eles, violento,
Não pode simplesmente detê-los,
precisa apaixoná-los...

Mas quem?
Que paixões? Rumo à que corações?
Quem pode dizer... quem pode ser...
São tantos, são invisíveis e constantes... são inimigos e futuros de esperança...
Porque se nossa força é o amor
E a força contrária o oposto (mas não totalmente, espero)
Não podemos ser como eles, pois perderemos...
Queremos (eu e quem mais?) que eles
Se apaixonem
E não que morram (só em momentos de ira).

Sim, sim, que enigma metálico enferrujado
Que incrustado de conchas em portos abandonados
Que eras trepadeiras em muros desmoronando...
Que irrespostas desconexas e sem nexo...

Acontece que por maior que seja a loucura do mundo
E a nossa, diante de tudo
Só não podemos parar.
Mas a natureza não diz que não podemos cansar.
Ao contrário, como cansa.

E nisso, do alto da montanha russa
Aquele frio estomacal tremula
E irrompe poros afora...
Suamos, frio.

Há calor também. Muito. É o próprio amor.
Uma total dicotomia paradoxal de estrelas que se chocam.
Sem uma lógica matemática exata e concisa...
Apenas a continuação interminável de utopias delirantes
Que perseguimos convictos da vitória da vida!

Numa militância que atravessa as madrugadas
Na ânsia milimétrica de invernos e primaveras
Tornados esfumaçados, tosses e desgastes
Visões em preto e branco de plástico
E odores bons e ruins...


Enfim.

É isso.

Então.

E ai?

O que resta é descansar na agitação

Agitar o cansaço

E seguir em frente, aberto para o abraço

Beijando todo o espaço

Tudo que há e é.

Carregando o amor não como um fardo

Nem a esperança como uma pedra entalada na garganta

Mas como asas, únicas formas de salvar-nos

Do abismo que se despedaça sob nossos pés

E nossas mãos

E nossas vidas


Para sermos verdadeiramente

E profundamente

De maneira completa

Plena

E apaixonada.


Explodiremos, é fato.

A explosão será indescritível, indiscriminada

Levará a todos.

Todos se perderão, mas já estavam perdidos.

Mas nos encontraremos, mais ainda

Todos serão finalmente apaixonados

Depois da explosão.

Depois que as paredes todas forem derrubadas

E as portas da alma arrombadas

Permitindo a união inimaginável

A Comunhão da Vida em uma só.


Fim. Início. Infinito. Círculo. Comum...(ismo).


Não será através da força

Mas do amor.

A revolta será espiritual

E as chamas arderão nas almas

Os gritos brotarão do espírito

E as mãos andarão dadas

Pés juntos, passos largos.


Desmoronarão de suas torres

Dos altos edifícios

Dos terraços rarefeitos

Das alturas da tolice

Do topo dos egoísmos

Do alto das ganâncias

Até o fundo do poço

De onde poderão ressurgir iguais

Horizontais

Humanos, reais

Sem autoridades

Sem banalidades

Sem formalidades

Sem burocracias

Sem hipertrofias

Sem infantarias

E sem ódio.


Quando o “mundo” cair,

Quem ainda houver

Terá a nova chance

De nascer.


Quando o “civilizado” ruir

Quem ainda houver

Terá a nova chance

De pensar.


Quando o “sistema” se destruir

Os que ainda houver

Terão a nova chance

De se unirem.


Quando o “muro” for derrubado

Os que ainda houver

Terão finalmente a chance

De se amarem.