
Profecias...
Montanhas russas reunidas em círculos
Montanhas russas reunidas em círculos
Rodopiando em discussões extensas
Um cotidiano nada rotineiro
Aprisiona e liberta em horários e exaustões...
E o estar presente quase incomoda
O sentimento de dever borbulha nos ouvidos
As ações são impulsionadas por princípios
Que não cansam nem esmorecem
Ainda que o corpo deseje a inércia...
Claro, óbvio e inegável é
Que tal desejo absurdo
É meramente provisório, tempos de açúcar
Quando os encontros sobrepõem-se aos pensamentos
E as tempestades nos pegam sem varandas ou tetos.
Suspiro, retomando o ar deixado na última sala,
O fôlego ansioso por um balanço tranquilo.
Acontece que lá fora não parece haver trégua
Pois são máquinas as forças contrárias e malévolas...
Não suam, não dormem e não se intimidam
Ante o infinito amor que temos.
E esse amor, mesmo infinito,
Não sendo como eles, violento,
Não pode simplesmente detê-los,
precisa apaixoná-los...
Mas quem?
Que paixões? Rumo à que corações?
Quem pode dizer... quem pode ser...
São tantos, são invisíveis e constantes... são inimigos e futuros de esperança...
Porque se nossa força é o amor
E a força contrária o oposto (mas não totalmente, espero)
Não podemos ser como eles, pois perderemos...
Queremos (eu e quem mais?) que eles
Se apaixonem
E não que morram (só em momentos de ira).
Sim, sim, que enigma metálico enferrujado
Que incrustado de conchas em portos abandonados
Que eras trepadeiras em muros desmoronando...
Que irrespostas desconexas e sem nexo...
Acontece que por maior que seja a loucura do mundo
E a nossa, diante de tudo
Só não podemos parar.
Mas a natureza não diz que não podemos cansar.
Ao contrário, como cansa.
E nisso, do alto da montanha russa
Aquele frio estomacal tremula
E irrompe poros afora...
Suamos, frio.
Há calor também. Muito. É o próprio amor.
Uma total dicotomia paradoxal de estrelas que se chocam.
Sem uma lógica matemática exata e concisa...
Apenas a continuação interminável de utopias delirantes
Que perseguimos convictos da vitória da vida!
Numa militância que atravessa as madrugadas
Na ânsia milimétrica de invernos e primaveras
Tornados esfumaçados, tosses e desgastes
Visões em preto e branco de plástico
E odores bons e ruins...
Enfim.
É isso.
Então.
E ai?
O que resta é descansar na agitação
Agitar o cansaço
E seguir em frente, aberto para o abraço
Beijando todo o espaço
Tudo que há e é.
Carregando o amor não como um fardo
Nem a esperança como uma pedra entalada na garganta
Mas como asas, únicas formas de salvar-nos
Do abismo que se despedaça sob nossos pés
E nossas mãos
E nossas vidas
Para sermos verdadeiramente
E profundamente
De maneira completa
Plena
E apaixonada.
Explodiremos, é fato.
A explosão será indescritível, indiscriminada
Levará a todos.
Todos se perderão, mas já estavam perdidos.
Mas nos encontraremos, mais ainda
Todos serão finalmente apaixonados
Depois da explosão.
Depois que as paredes todas forem derrubadas
E as portas da alma arrombadas
Permitindo a união inimaginável
A Comunhão da Vida em uma só.
Fim. Início. Infinito. Círculo. Comum...(ismo).
Não será através da força
Mas do amor.
A revolta será espiritual
E as chamas arderão nas almas
Os gritos brotarão do espírito
E as mãos andarão dadas
Pés juntos, passos largos.
Desmoronarão de suas torres
Dos altos edifícios
Dos terraços rarefeitos
Das alturas da tolice
Do topo dos egoísmos
Do alto das ganâncias
Até o fundo do poço
De onde poderão ressurgir iguais
Horizontais
Humanos, reais
Sem autoridades
Sem banalidades
Sem formalidades
Sem burocracias
Sem hipertrofias
Sem infantarias
E sem ódio.
Quando o “mundo” cair,
Quem ainda houver
Terá a nova chance
De nascer.
Quando o “civilizado” ruir
Quem ainda houver
Terá a nova chance
De pensar.
Quando o “sistema” se destruir
Os que ainda houver
Terão a nova chance
De se unirem.
Quando o “muro” for derrubado
Os que ainda houver
Terão finalmente a chance
De se amarem.
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