segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Com a ponta de um lápis, rasgam-se estruturas, constroem-se mundos! Viva a nossa força!


O POETA-OPERÁRIO
Grita-se ao poeta:
"Queria te ver numa fábrica!
O quê? Versos? Pura bobagem".
Talvez ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
Os corações também são motores.
A alma é poderosa força motriz.
Somos iguais.
Camaradas dentro da massa operária.
Proletários do corpo e do espírito.
Somente unidos,
somente juntos remoçaremos o mundo,
fá-lo-emos marchar num ritmo célere.
Diante da vaga de palavras
levantemos um dique!
Mãos à obra!
O trabalho é vivo e novo!
Com os oradores vazios, fora!
Moinho com eles!
Com a água de seus discursos
que façam mover-se a mó!

Maiakóvski
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As palavras são mais fortes do que qualquer espada! As idéias são são mais fortes do que a vida e a morte! "O trabalho é vivo e novo!" e não vamos nunca parar de cantar aos quatro cantos e ainda aos cantos esquecidos o nosso hino de justiça, porque é o amor ao próximo, o amor próprio dos poetas, dos seres humanos, que nos motiva à luta! É por isso que cantamos nossas palavras, nossos versos, nossa força!
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Meu coração é forçamotriz para a mudança! Meus braços são pontes para o futuro! Minhas palavras são meus canhões contra os muros excludentes! Contra tudo aquilo que segrega e oprime! Contra o egoísmo e a bestialidade do homem!