Obra de Diego Rivera
A Resistência
Nunca a luta contra a exploração e dominação sobre os homens foi tão dura quanto em nossos tempos, e reunir as forças necessárias para lutar, tornou-se tarefa das mais árduas!
Os nossos dias, se podemos realmente dizer nossos, correm em passos ligeiros, embalados no avanço tecnológico psicodélico, o qual é excelente meio de nos manter a mente ocupada e alienada. São tantas as novidades da tecnologia e do mercado, que não há tempo para analisar o mundo, sem correr o risco de perder o próximo lançamento e estar por fora das tendências da moda.
Junto à essa força avassaladora de alienação, soma-se a estratégia mais bem elaborada e fundamentada de dominação arbitrada pelos poderosos urubos no comando há tempo demais: "a invisibilidade dos inimigos". Não se pode mais apontar alvos claros para nossas batalhas, os inimigos se dispersaram, não existe mais um homem, um grupo, uma força ideológica que possa ser combatida com união, são mil fatores que circulam feito furacões pelos veículos de comunicação, nos fenômenos sociais, e que se enraízam de maneira desapercebida nos corações das pessoas e vão sedimentando suas energias, petrificando seus ímpetos, seus espíritos ávidos por mudanças.
Como combater? Como congregar? Qual a bandeira que pode unir as mãos de todo o povo? As causas foram transformadas em objetos de vitrine, produtos mercadológicos, os ideais foram enlatados e vendidos nos shoppings, a revolução virou enfeite em camisetas. As horas passam e os poucos movimentos pela mudança vêem-se isolados e jogados uns contra os outros, brigando feito insetos enquanto os abutres observam do alto, observando os líderes e queimando-os com suas lupas institucionais, aparatos governamentais, máscaras opressoras.
Que resistência pode ser feita? Que Contracultura poderá nascer no mundo padronizado, de larga escala, ‘globalizado’, onde as diferenças culturais vão cedendo à pressão do capital, ao consumo exacerbado das marcas e das grifes? Uma resistência precisa ser levantada, reunida, comandada, rumo à um objetivo de difícil delimitação; construir uma nova sociedade, porém enfrentando o medo de implodir a deplorável, porém maquiada, sociedade existente. Será esse o objetivo? Mudar o método de pensamento, transformar nossa maneira de pensar, subverter o cotidiano para reverter nossa submissão à programação vigente.
E como financiar esse ideal? Talvez o conceito de financiamento precise ser mudado também. Para se manter, ele precisa estar acima da manutenção, ser parte de cada combatente na maneira deles agirem no meio da realidade existente, dando suas pinceladas de mudança, seus toques de resistência.
Ainda quanto ao inimigo, onde ele está? Será que é o patrão, o político, o militar ou o fazendeiro, como era nos tempos das grandes revoluções da história? Não será que ele se tornou tão grande e abrangente que passa a ser cada um de nós, sendo nós mesmos nossos próprios inimigos? Será que não precisemos derrotar nossa acomodação, vencer as trincheiras de nossa inércia, transpassar nossa ignorância com golpes de impetuosidade, conquistar os territórios de nossa mente, antes ocupados pelos interesses comerciais, e construir espíritos inflamados e contestadores, aptos a se libertar e serem libertários, para assim podermos passar para o plano extracorpóreo? Será que antes de ir à luta numa frente de batalha ideológica, não precisemos vencer os batalhões de idéias conservadoras e acomodadas de nossos irmãos?
Nossa luta nunca foi tão dura, e nossa congregação nunca foi tão nebulosa. Os inimigos físicos se tornaram inimigos imateriais. O que era um edifício ou uma instituição, agora tornou-se um sentimento geral, uma força sobre-humana. Um conselho para a luta? Reúna-se. Converse com seu amigo. Crie um grupo. Forme uma rede de contracultura. Seja você a resistência. Se não consegue ver o inimigo, tente ao menos ver o seu amigo e junte-se a ele, junte-se aos camaradas e sejam a resistência, mesmo contra o desconhecido, pois uma fortaleza sólida resiste de onde quer que venha as ameaças. Seja você a resistência.
“Não podemos aguardar que os tempos se modifiquem e nós nos modifiquemos junto, por uma revolução que chegue e nos leve em sua marcha. Nós mesmos somos o futuro. Nós somos a revolução.” (Beatrice Bruteau)
Nós conseguiremos, é certo. A minha mão alcançará a de meu irmão, um dia. Venceremos os artifícios de desagregação, como as suspeitas, as desconfianças, os oportunistas e as manipulações. E as rochas que fundarão o futuro serão colocadas por pessoas como eu e você.
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Um comentário:
\o/
Tô feliiiz..
pela primeira veeez...
li um texto seu todo ^^
aiai
;*
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