terça-feira, 25 de março de 2008

Separados pelo abismo...

As Duas Cidades

Naqueles tempos marcados pelo progresso e pelo regresso, luz e escuridão, força e fraqueza, todos os homens viviam n´uma montanha íngreme, muito alta, cujo pico, repleto de torres e edifícios vistosos, era muito apertado, pequeno, mas a medida que se descia pela encosta, ela se alargava mais e mais, cheia de buracos, cavernas, saliências e deformidades faveladas. A produção de todo o necessário a esses homens era feita na parte média da montanha, cujas inúmeras fábricas eram abastecidas pelos braços do gentio do Sul (como eles chamavam a base da Montanha) e pelos recursos naturais da abundante base rochosa e bruta, tudo rigorosamente supervisionado pelos frutos das Fortalezas Acadêmicas do Norte (assim conhecido, o topo), de onde saiam doutores de tudo.

A plebe e sua cultura (considerada) rústica (segundo os doutores de tudo) contava em suas histórias folclóricas da existência de duas Cidades onde se dividiam os homens. Os homens do progresso e os do regresso, em lados diferentes, bastante desiguais em altura, separados por um grande abismo por sobre o qual havia apenas uma única ponte, que só o progresso foi capaz de construir, e portanto, a esses homens cabia o controle. Pela estreita ponte se dava o contato entre as duas Cidades, uma relação bastante injusta, diziam muitos. Os nebulosos, como se autodenominavam os moradores das Torres das Nuvens, devido às alturas celestes, zombavam dessas “crendices populares”, comentando em suas rodas as graças da simplória história, seus absurdos e fantasias. Diziam quão tolo era essa idéia de apenas uma ponte controlada por um único lado, riam dos contrastes, segundo eles, aviltantes, que havia entre os homens da história. Tal contraste quebra a estética artística de uma obra, da literatura, observavam.

Mas entre as famílias dos homens do Sul, as crianças dormiam ouvindo as histórias passadas entre as duas Cidades. Elas brincavam inventando aventuras entre as Cidades, transformavam um beco imundo perto de casa ‘na ponte’ e lá viviam suas estórias.

Nesta montanha, onde os poucos nebulosos apertavam-se em suas torres distantes, desfrutavam dos prazeres abundantes produzidos nas fábricas incontáveis, invejavam-se e brigavam uns com os outros, por acharem sua soberba insuficiente, despejando as sobras e os dejetos rochedo abaixo, e onde o restante dos homens carregavam com seus cansados braços o peso de todas as pedras de seus trabalhos, obrigações, faltas e escassez, sujeira e tristeza, havia uma desolação que a muitos matava, pois os que trabalhavam não suportavam tanto, e os outros, não suportavam o próprio vazio.

Diz-se que certo dia, quando os nebulosos ordenaram aumentar a exploração das vísceras da montanha, para produzirem e consumirem mais, mandaram com punhos de ferro que mais ferro fosse tirado das minas para fabricação de latas onde todos os prazeres se guardavam, a Montanha rugiu sua impaciência com aquelas criaturas que a perfuravam impiedosamente e cuspiu fogo para todos os lados, Norte, Sul, acima, abaixo, matando primeiro os de baixo, que sofreram logo o calor das chamas, depois os de cima, que perderam suas fontes de mercadorias e luxos.

Antes da tragédia que apagou aqueles seres da face da rocha, algumas crianças já espalhavam que um velho sábio das ruas, barbudo e contador de histórias, disse que o abismo que separava as duas Cidades gritaria o fogo da exploração e derrubaria a cruenta ponte, para depois lançar ondas silenciadoras de vida sobre ambos os lados, antes a cidade do regresso, imensa aglomeração, porém situada na menor altitude, para em seguida engolir o progresso, perdido nas alturas.

Naquela desigualdade dita natural por todos, afinal, o abismo, esta "força da natureza", separava encostas distintas, a morte não fez diferenças e a todos levou. Se tivessem entendido melhor esse absurdo de abismo, será que poderiam ter-lhe contido as chamas e preservado a vida?

sábado, 22 de março de 2008

"Que tua vida seja tua fala. Viver a verdade é o caminho mais eficaz." Mahatma Gandhi

- o poder está no seu coração, nas suas mãos, é você... ame. -


Amar - é humano


O Poder corrompe - frase corriqueira para explicar os desmandos da (ir)realidade moderna, justificando que os males deliberadamente provocados pelos homens são fruto desta corrupção imposta pelo fruto proibido do Poder. O Poder - o que significa isso? Que veneno atroz seria esse que à todos seduz? Poder viver - seria tão ruim? Poder libertar? Não me parece de todo mal. Poder acolher? Soa-me bastante cativante. Poder amar...

"O problema não é o Poder, mas o conceito que temos de Poder"

Se temos por Poder a capacidade de angariar privilégios para nos tornarmos ilusoriamente superiores, pretensiosamente maiores que os demais, acreditando tolamente que se constitui uma grandeza o ato de diminuir os iguais, deveras este tipo de poder só pode ser fonte de mal. No entando, seria o único poder existente? O único conceito viável? Não seríamos nós, seres dotados da racionalidade, capazes de refazer conceitos mal feitos?

Nossa forma de agir e reagir perante o mundo se constrói a partir dos conceitos que importamos do ambiente externo e dos que fabricamos em nós mesmos, analisando cuidadosamente as circunstâncias. Imperfeitos e imaturos que somos, somos constantemente comprometidos pelo erro, o que nos impele à necessidade de renovação. Reavaliar conceitos ruins é um hábito que acaba passando despercebido pela maioria, os quais, levados pelo cotidiano de comodismo, preferem persistir em seus padrões distorcidos à aprimorarem-se.

Conceitos... entendimento lógico que temos das coisas, ações, estados e realidades.

As vantagens que uns tomam sobre os outros surgem das brechas, das fraturas nos conceitos e valores que se encontram pelos oportunistas nos seus contemporâneos. E este conceito distorcido de Poder é uma das maiores brechas morais, rachaduras do ser humano. Mas como reavaliá-lo? Como poderia ser revisto? Que outro prisma haveria guardado dentro desta podridão que se tornou a idéia de poder, esta Caixa de Pandora que à todos leva a perdição, à ambição desmedida causadora de incontáveis males?

Já diz o ditado popular, embrutecendo o conceito pessimista de Poder:

“Queres conhecer um homem, dê Poder a ele”

Indicando nas entrelinhas que todos guardam grande maldade aflorada pelo Poder. Que razão, então, teve o Criador em fazer de sua criação uma fonte mascarada de maldade? Que sentido poderia ter tal insanidade? Seria uma brincadeira de péssimo gosto do Divino? Não posso crer que este seja o significado e o fim de todos nós – uma maldade intrínseca.

Sim, a liberdade que nos foi concedida é tão grandiosa que até mesmo para sermos maus fomos liberados. Pode-se crer que temos esse potencial sem prejudicar a lógica da criação, mas supor que esta seja nossa única e verdadeira essência ofusca a perfeição da criação, da vida, da natureza, da evolução espiritual a qual estamos seguindo.

Evolução. Revisão. Transformação. Reavaliar nossos conceitos, aprimorando a nós mesmos. O Poder, sendo visto como instrumento de nosso egoísmo, amplificado pelos conceitos individualistas, hedonistas e consumistas, característicos do Sistema Capitalista, certamente que é majoritariamente fonte de maldade, de crueldade, de injustiça e mal. Porém outros prismas para nossa visão são possíveis, outras formas de ver o mundo, expandindo nosso horizonte na medida que somos inteiramente livres para sermos o que somos, independentes de imposições sociais, como a visão capitalista do mundo.

Imaginemos um foco de luz, um círculo de claridade que abra uma janela em meio à escuridão deste Poder que corrompe. Sob um olhar humano, justo, fraterno, pacífico e amoroso, como poderia ser entendido o Poder? O Poder que cada um tem de trazer a paz ao outro, o Poder de irradiar felicidade, o Poder de restaurar a justiça, o Poder de impedir a violência, o Poder de transmitir a sabedoria, o Poder de Amar. O Poder de ser Vida, ser Luz, ser Paz e Amor. O Poder de Ser, contrapondo a ilógica imposição do Sistema do Poder de Ter.

Poder Amar, Poder de Amar, Poder de Amar-se, Poder de Amarmos-nos. O Poder de realmente sermos esta verdade que nos acolhe a alma, que nos faz transpor barreiras rumo à evolução. É tudo uma questão de escolha. Como você quer ver o mundo? Quem você quer ser? Que Poder queres pra ti? Tudo que quiseres, te será entregue, e é tua responsabilidade fazer o que quiser disto, mas o bem e o mal também são tua responsabilidade – tua, minha, nossa. Qual a sua escolha? Reveja seus conceitos.

“Que a tua vida seja tua fala. Viver a verdade é o caminho mais eficaz” Mahatma Gandhi

Abrace.

quarta-feira, 19 de março de 2008

A grande irmandade, esta humanidade...

Todos somos irmãos, braços dados ou não...
São tantos e tantos, por todos os cantos
Que não podes dar um passo
Sem encontrar um abraço
Isso somente caso
Tenhas no coração grande espaço
Para compreender a beleza de sermos
Todos irmãos, irmãs, humanos, guerreiros.

sábado, 15 de março de 2008

Esvai-se a Vida pelas vitrines... Esgota-se o ar em frente aos televisores... Desfalece em último suspiro desejando ter mais...


"Os velhos sofistas diziam,
Os velhos humanistas diziam -
O Homem é a medida de todas as coisas...
Hoje tudo foi invertido...
O homem não mais a medida de nada.
As coisas são a medida do homem."



Qual a medida de um ser humano?
Não importa...
Coisificados, somos agora sujeitos das vitrines, do mercado, das tendências...
Coisificados, o nosso bem-estar não mais é o fim de todas as ações. Apenas gerar capital justifica investir.

Desumanizados... somos apenas máquinas que movimentam economias através do consumo.
Nossos sonhos, aptidões, personalidades, esperanças não importam... importa o que temos.
A medida do homem passou a ser sua posse de capital.
Números. Nossa infinita possibilidade, criatividade, sensibilidade, amabilidade, tudo foi trocado por números. Cifras guardadas em bancos. São elas que importam...

Corações? De nada servem... Não se guardam em contas ou poupanças, não fazem operações financeiras.

Religiões? Crenças? Ideologias? Apenas aquelas que não sobreponham ou contradigam a supremacia do capital...
...

Não existem (?) mais vidas... existem filas para a próxima compra, e a espera entre a última e a próxima fila... preenchida por formas de se vender para obter capital... seja vendendo suor, tempo, sangue ou a própria vida...
Vida?

Desfalece em último suspiro desejando TER mais...
...

quarta-feira, 12 de março de 2008

A união faz a flor... Braços dados, ouvindo e sentindo um ao outro, encontramos a nós mesmos, nossas verdades, nossa evolução... luz.


Se discordas de mim, tu me enriqueces

Se és sincero
e buscas a verdade
e tentas encontrá-la como podes,
ganharei
tendo a honestidade
e a modéstia
de completar com o teu
meu pensamento,
de corrigir enganos,
de aprofundar a visão...

Dom Hélder Câmara

--//--

Não temamos posições diversas, outros pensamentos, novas idéias, diferentes possibilidades. Tudo quanto existe, ai está para nossa riqueza espiritual, nossa evolução, nosso crescimento enquanto seres de potencial e luz.

Ousemos construir pontes dos mais variados materiais, ligando corações que possam compartilhar seus aprendizados e ensinamentos. A diversidade torna cada um infinito, e todos expressões da grandeza da criação, da beleza da vida, da força da luz.

Não temais o teu próximo, ame-o, abrace-o, sinta-o em corpo e alma.

Para aprofundarmos nossa visão, entendimento e espírito.

O Deserto é fértil! A Vida é fonte de luz...

Aqueles que vieram para lutar pela Vida


“O essencial a transmitir é a descoberta maravilhosa: em todos os recantos da Terra, dentro de todas as raças, todas as línguas, todas as religiões, há criaturas que nasceram para dedicar-se, para gastar-se ao serviço do próximo, dispostas a não medir sacrifícios para a ajudar de verdade e enfim a construir um mundo mais justo e mais humano.

São criaturas ligadas ao meio em que se acham inseridas, mas que se sentem membros da Família Humana, a ponto de encararem como irmãos e irmãs, homens e mulheres de todas as latitudes e longitudes, de todos os climas e de todos os tamanhos, de todas as cores, de todos os graus de riqueza e de miséria, de todas as diferentes manifestações de cultura...
(...)

Deus teria inúmeras maneiras de distribuir seus dons. Se fosse um tímido, se se prendesse a julgamentos precipitados e sem base, repartiria seus dons em doses rigorosamente iguais para todos. Ninguém se poderia queixar: ninguém teria nada a mais, nada a menos. Tudo numerado, etiquetado, registrado...

Seria indigno da imaginação criadora do Pai. Seria de incrível monotonia, como se todas as criaturas humanas tivessem a mesma forma, a mesma cor, o mesmo perfume.

Deus aceita o risco de parecer injusto. Ninguém deixa de receber, pelo menos, o indispensável. Mas há quem receba com largueza estonteante. No caso, aludimos às verdadeiras riquezas: às riquezas interiores. E há os ricos de dons divinos, os privilegiados da graça.

Deus parece injusto, mas não é. Pede mais de quem recebe mais. Quem recebe mais, recebe em função dos outros. Não é maior, nem melhor, é mais responsável. Deve servir mais. Viver para servir.

O que importa não é pesar, medir, contar os dons recebidos. Não é ter recebido muito ou pouco. Importante é a firme decisão interior de responder ao máximo, e de servir.

Dom Hélder Câmara – O Deserto é Fértil

--//--

Quantas vezes os que lutam não se sentem indignados e desanimados pela solidão da batalha pela justiça, frente à imensidão das injustiças? Quantas vezes sua esperança e coragem não fraquejaram perante o aparente isolamento de tão poucos grupos ou indivíduos na marcha por uma Humanidade de Amor? Sempre esperam que se juntem à luta todos os homens, todas as almas, todos os braços unidos para a construção deste mundo de paz e justiça amorosa, mas, será que todos estão destinados à lutar?

Alguns, naturalmente corajosos e questionadores, lançam-se no desconhecido da batalha, outros, tímidos e cautelosos, prefere assistir a realidade acontecer, mero expectador. Coragem se ensina? Impetuosidade se ensina? Podemos mostrar àqueles que nunca sentiram dentro de si a chama da luta, como acendê-la?

Talvez sim, talvez não. Uma coisa é certa, não podemos forçar um homem a lutar. Ele não poderá andar neste novo mundo de amor, se não acreditar nisso. O que se pode fazer é mostrar o caminho, e quem quiser, seguirá, ou não. O que podemos é incendiarmos nossos corações de indignação e ímpeto transformador, lutador, fraterno, e deixar que o vento leve essa centelha a outros corações. Podemos ser fonte, mas não podemos nem devemos ser imposições. Impor seria trair nossa própria causa de sermos fraternos, livres e justos.

Alguns nascem para lutar pela vida existente por sua preservação, outros para repor a perdida. Para que nasceste? O que sentes inflamar dentro de si?

Mas também existe a constante força contrária a qualquer transformação, mudança, questionamento, distribuição igualitária da vida. Esta força tem todo o interesse e intenção de apagar, coagir, coibir e oprimir as chamas da renovação, da mudança, da revolução, e nisso, os corações são educados para a acomodação, e algumas das chamas se rendem às cinzas. Essas chamas, sim, precisam ser atraídas para a verdadeira razão de ser e de viver, e as pessoas destinadas à manutenção da existência, à reprodução, também podem e devem estar juntos aos lutadores na consciência de justiça, paz e amor, para estarem sendo força de manutenção desta realidade ‘nova’.

“O Deserto é fértil”. Se a luta parece infrutífera, se nossas ações e sacrifícios não nos permitem ver os infinitos resultados, não havemos de desistir. Pois este deserto de caos, sangue e injustiças em que nos encontramos, onde o amor só com grandes dificuldades floresce em meio à aridez do egoísmo e individualismo geral, é justamente a nossa matéria-prima, a realidade que devemos transformar, que se fertiliza com o sangue de nosso sacrifício, com o suor de nossa caminhada, com a luz de nossas vidas, nossos espíritos.

“Importante é a firme decisão interior de responder ao máximo, e de servir.”

Sejamos o que somos, luz, vida, amor. Sejamos seres humanos, humanos.
Existe o caminho, basta abrirmos os olhos para vê-lo, senti-lo, segui-lo. Observemos a perfeição da natureza...

terça-feira, 11 de março de 2008

"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem!" Bertolt Brecht

"A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco:
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco"

(Até Quando? - Gabriel Pensador)

Polícia - instrumento de protenção da propriedade privada...

Entre a mulher e o capital... mulher, corra, que tu vale menos...
Entre o homem e o capital... homem, corra, que tu vale menos...
Entre a criança e o capital... criança, se esconda, que tu vale menos...
Entre o mundo e o capital... mundo, desista, acabou-se... virou banco do capital.

Capital

O capital,
A prioridade -
Para que cresça, cifras gordas
Defenda a propriedade
Que se exploda
A pobreza; se prolifere
A fome, a morte; o que querem
É do sangue lucrar bastante
Pra que esperar? Agora, neste instante!
As barrigas magras que caiam
Nas ruelas da miséria,
Os patrões nos terraços ensaiam
Os passos da próxima guerra!
Nas periferias da cidade
Fica o esgoto, o refugo...
Para o gritos dos excluídos
Está o mundo surdo!
Pra manter lucratividade
A polícia, afinal,
Precisa proteger o mal,
Manter a segurança do rico,
E que se aplique, se preciso
A pena capital!

Agora? Aja! Salve a humanidade, e estará salvando você...

A vida segura a vida...

Nos braços das folhas vivas
O sangue da natureza
Reflete as des´formas, as esquinas
N´uma gota de vida, de pureza...

Guardada esta fonte luz
Seja a última, sejam oceanos
Poderemos crer que nos conduz
A vida para o futuro dos anjos...

Mas não! Não, infelizmente
Os canos e tubulações
De nossas demências
Vícios, sujeiras, soberba deprimente
Destroem a vida, os corações
A natureza, nossa essência.

Salvar depois?
Sempre depois...
A enxurrada terá passado
E será tudo passado.

--//--

Abra os olhos para o mundo de feiuras
Respire este ar irrespirável
Prove o gosto amargo dos dejetos
Sinta o calor e o frio do que se perdeu
Ouça o grito dos que não se salvarão...

Agora? Aja!
...
"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!"

quinta-feira, 6 de março de 2008

Um hino para todos nós... "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!"

Prá não dizer que não falei de flores
Geraldo Vandré

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...


Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)

--//--

O que estamos esperando? A sabedoria? Já não basta saber quantos erros e crueldades encharcam nossos pés pelas ruas sangrentas?...

Avante!

quarta-feira, 5 de março de 2008

"Não existe um caminho para a Paz, a Paz é o único caminho" - Mahatma Gandhi


Navegar é Preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça

Fernando Pessoa

--//--

De toda a humanidade, é minha vida
Muito mais que minha, é força motriz
De algo maior, fogo do universo, da revolta aguerrida
Na divina coragem da entrega me faço feliz.

Motivo de um peito que chora as dores
De outros peitos, corpos, irmãos...
Rumo ao combate da probreza, os Senhores
Façamos do amor, justiça e paz, nossa luta e canção!

O sangue que corre nas ruas reflete-se nos espelhos celestes...


“Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.
(...)
Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.”

Bertolt Brecht


O Céu daquela Terra


Ó Céu, não vês quão injusta é esta terra?
Por que há homens que comem e outros não?
Céu, conte-me por que alguns subiram à ti,
Em suaves aviões, e como tu, são tão indiferentes
Perante àqueles que nunca te alcançarão.

Conte-me, pois há muitos erros nestas pradarias
Que estão distantes demais de tua infinitude azul;
E parece que não vês.

Vejo com meus dois olhos distantes um do outro
Quão distantes estão as realidades;
Com um, vejo barrigas estufadas e fartas de comer,
Co’outro, vislumbro a chorosa visão d’algumas
Tão contraídas, que são umbigos deformados.

Ah, Céu, sob teu surpreendente azul,
Há um mar tão vermelho, vermelho sangue,
De sangue de gente, de homens e mulheres;
Também há mares de vermelhos outros,
De carros rubros, vinhos e sedas carmesim;
E porque há estes contrastes tão vazios e tristes?
Porque ninguém se incomoda com o sangue?

Ah, Céu, acho que tua divindade nos contaminou,
E como tu, nos tornamos uma imensa humanidade -
Vazia – Imensa massa humana, animais urbanos,
Ricos de verdes notas, pobre de folhas verdes;
Como tu, somos grandes demais para nos preocupar
Com a terra. Ela não importa, quando há firmamento
Ainda por contemplar e viajar.

Ah, infame Céu, largaste-nos neste abismo
Territórios destruídos, buracos de explosão,
Ruína humana, restos de escombros e pernas,
E braços e corpos mutilados.
De ti, ó Céu, os mesmos aviões que não nos vêem,
Lançaram a morte sobre nós, e os povos da terra
Choraram perante o grande cogumelo branco,
O calor dos projéteis, a raiva do urânio.

Ah, Céu, enquanto tu chovia, talvez chorava
Lágrimas falsas, tentativa de esconder as chamas,
Um raquítico menino também chorava,
Porque eu estava comendo tanta comida
E ele nunca tinha visto tanto.

É, distante Céu, rarefeito anil de distâncias,
Estamos sós neste mundo de homens,
Muitos e solitários,
Fartos e famintos,
Entediados e desgraçados.
Não quero mais voar, enquanto aquela outra
Criança não anda por falta de forças,
E não quero mais tua beleza,
Porque uns belos olhos negros foram
Incinerados.

Ah, Céu, há também teu amor,
Amor quente do sol, amor calmo da lua,
Cujas barrigas minguadas e rostos abaixados
Nunca viram.
Este amor não é para os demais,
Apenas aqueles que, já tendo tudo,
Podem então começar a amar.

Minha boca está agora seca,
Foi a água de meu corpo embora
Em lágrimas
Destes meus olhos tristes que pararam
De olhar pra ti, e olharam para o mundo.

Ah, Céu. Anoiteça e não mais apareça,
Enegreça-te e te tornes preto como as peles
Queimadas pelo evolutivo fogo;
Negro como as cinzas dos derrotados;
Sombrio como a pólvora nas carnes.
Adentre em nossas almas, ó Céu,
E não veja nada, onde não há vida.

A vida foi embora no último automóvel
Vermelho que saiu da fábrica de pobreza,
Foi embora naquele navio gigante
Em mar de pedintes,
Foi embora, quando um homem virou menos
Que um homem, perante outro.
Céu, noturno, humano,
Céu, Diurno, tirano.
.
.
.

O Povo e o Dono - Dono?... Criou-se tudo e a todos pertenciam... Cada qual com seu direito, cada dever, o necessário!


Dificuldade de governar

1
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é difícil governar.
Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chanceler não fosse tão inteligente.
Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher poderia ficar grávida.
Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra.
E atrever-se ia a nascer o sol
Sem a autorização do Führer?
Não é nada provável e se o fosse
Ele nasceria por certo fora do lugar.

2
E também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica.
Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas
Encher-se-iam de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do industrial aos camponeses:
Quem, De outro modo, poderia falar-lhes na existência de arados?
E que Seria da propriedade rural sem o proprietário rural?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.

3
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos
Tão esclarecidos como o do Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de
Uma forma para tortas
Não haveria necessidade de patrões
Nem de proprietários.
É só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.

4
Ou será que
Governar só é assim tão difícil
Porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?

Bertolt Brecht

Democracia da Ovelha, Justiça da Cerca, Progresso do chicote - Libertemo-nos!


"Democracia"

Mais uma vez as ovelhas puderam escolher o pastor. E eu me pergunto a graça de estar na cerca, quando fora, ao pé do rio, a grama que cresce livre é tão mais doce...

Todos os graciosos cidadãos deste cercado agarram-se às falsas promessas, confiantes (tolos) no fim de seus tormentos. Crêem os pobres na revolução? Quando muito, nacos de pão. Pensam que as tosas se darão a intervalos justos (oquêi). Ou que o abate não se fará senão sob determinado intento (pois bem).

Mas as eleições são feitas, tempos em tempos, pelo dono das cercanias de modo a dizer-lhes que, por terem escolhido mal seu algoz, suportem o funcionário incapaz até o término de seu contrato, e que se rejubilem com seu destino, pois assim são as coisas e ninguém há de mudá-las.

É sabido, porém, que as boas ovelhas, envergonhadas de sua infeliz escolha, não levantam a voz nem a face para opor-se ao cajado que as conduz. Todas acreditam, de coração, que, aonde o pastor decidir conduzi-las, ali estarão em paz, afastadas do terrível lobo que espreita por cada fresta, e, dizem algumas, não tarda a se infiltrar no grupo para satisfazer-se sem sobressaltos.

Todos sabem que as ovelhas são animais estúpidos e não saberiam identificar um assassino entre as amigas. Para isso existe o pastor, que é de melhor estirpe e pode facilmente cuidar para que as coitadas, andando por aí por suas próprias idéias, não se percam em mato aberto, acostumadas que estão a arames farpados, vida regrada, fim definido (vitrine e panela).

Não somente as ovelhas escolhem seus pastores como também os burros interrompem a jornada para eleger a nova mão que os chicoteia. É sabido que os burros são bichos esforçados, embora às vezes empaquem e para isso é dado por Deus o direito da mão eleita descer sobre eles sua ferina chibata.

Uma ração mais farta de feno é o que prometem os candidatos. Contudo, de nada vale o cumprimento de tal promessa ao mais sábio dos animais, pois que as surras e a labuta tomam-lhe o porte e o dom de mastigar, e está definhando a olhos vistos. Contudo, conta com a regalia da desobrigação do voto, posto sua idade avançada, do que seu alto nível de conscientização não lhe permite dispor.

Não se trata aqui de alternativas reais para os que se vão conduzir ao laço, mas da simbólica atitude de aceitação para com seu destino. Legitimidade, todos sabem, é a alma do negócio. Dela carece mesmo o mais vil dos cretinos... Que dirá todo um complexo sistema que visa culpar os explorados por sua própria exploração?

À mim, ó ilusão juvenil!, nem a mão nem o algoz nem o pastor me domem, ou me impeçam de ir pastar onde quiser.


Diego Calazans

--//--

Não se enganem.
Sigamos cada um de nós nossos próprios caminhos.
Quem se deixa guiar, deixa que escolham por eles suas vidas.
Deixemos os 'pastores' para domarem o caminho das nuvens,
Assim como nos enganaram,
Que eles se enganem
Achando que podem domar a suprema liberdade
Dos ventos, das nuvens e dos homens e mulheres!


Solidariedade, Amor, Fraternidade - A maior liberdade!

Desobrigação... Terra da Obediência... e a Solidariedade

Motivação hoje em dia é tema de tantas palestras e livros, palcos e editoras afora. Muitas pessoas vivem suas vidas na constante desanimação da rotina a qual elas acreditam serem forçadas, delegam seus caminhos à obrigatoriedade da sobrevivência, dos horários e prazos, da mecanicidade moderna, ignoram qualquer motivo maior, interior, próprio, para desempenharem suas funções, e diversas vezes desconhecem o que existe nelas além da ‘função’ que lhes foi atribuída. São engrenagens vivas que não lubrificam sua força motriz, suas almas, e acabam desestimuladas em seus trabalhos burocráticos, às vezes repetitivos. Acomodam-se.

A produtividade cai, e os mecânicos dessas engrenagens humanas, os gestores, empresários, precisam recorrer a essas técnicas de motivação. É preciso criar forças externas que ‘motivem’ as pessoas, que lhes seja combustível para suas tarefas.

Por motivação, interpreto o entendimento dos motivos que nos movem. Mas vivemos numa realidade onde o principal ‘motivo’ é o retorno financeiro, os bens materiais que podem ser comprados, os prazeres que podem ser comprados. Tantos passam a vida inteira movidos por este objetivo, mas são esses mesmos os que precisarão de um impulso externo para acordarem todos os dias para trabalhar. Podem ser as contas para vencer esse impulso que os empurra, ou um supervisor cobrando resultados, mas sempre são obrigações às quais não gostariam de se submeter. E assim, criou-se a ‘salvação’ da aposentadoria.

Na Idade Média, todos os pesares e sofrimentos, provações e sacrifícios se justificavam pela promessa do paraíso após a morte, na Modernidade, criou-se a esperança de melhoras na aposentadoria após os anos de trabalho obrigatório. Já vi jovens imbuídos do pensamento de que quanto antes começassem a trabalhar, antes se aposentariam.

Há também a criação antiga do fim de semana, um dia ou dois que foram criados para não esquecermos como é poder escolher como será hoje, sem as correntes do cotidiano. Trágico é perceber que alguns, tão acostumados que estão a essa obrigação que lhes diz o que fazer, defronte à limitada liberdade concedida pelo fim de semana, vêem-se sem saber para onde ir, como agir, e acabam refugiando-se em uma nova rotina, ou buscando entorpecentes como bebidas, jogatina (reprodução de suas atividades repetitivas) e contato social com iguais em busca de fazerem o tempo passar.

Essa atitude padronizada é criada logo cedo, quando as crianças passam a ver na obrigação de ir para dentro daquele prédio decorar informações, algo maçante, diverso da adorável vida estática que aguarda em frente à TV, ou da dinâmica das brincadeiras infantis. A adolescência chega e além da programação televisiva, soma-se a fuga para realidades artificiais dos shoppings e festas, recanto dos jovens que bóiam sem direção, ou dos esportes de massa, realidades virtuais. A escola é apenas a obrigação levada adiante com desprazer, repetição de informações nunca aplicados para o bem-estar. Pouco muda quando entram esses jovens no mundo do trabalho, permanece a atitude de obediência perante a ‘única’ realidade, onde o trabalho é a obrigação penosa que antecede o ‘paraíso’.
E voltamos ao dilema do desestímulo crônico, problema constante, e ao mundo dos palestrantes sorridentes cheios de fórmulas e dos livros de auto-ajuda, soluções práticas num contexto que exige remédios instantâneos.

Depois dessas ligeiras reflexões, gostaria de tratar d´outra questão, a solidariedade. Porque esse sentimento, valor, princípio, seja o que for, não é lá o mais comum entre as pessoas. O que em boa parte se explica pela simples razão de que a solidariedade não cabe neste mundo de obediência, repetição, indiferença e entorpecimento. Onde caberá o amor ao próximo n´um coração preocupado com ocupar com algum ‘nada’ um restante de tempo que deixou sobrar a obrigação, tratar o vazio interior com algum remédio que nos permita esquecê-lo, ignorá-lo?

Durante toda nossa vida nos oferecem inutilidades, sejam aquelas que desgostamos, ou aquelas que nos ensinam a gostar, ou seja, as obrigações e as distrações. Como perceber a utilidade do amor fraterno, se desconhecemos qualquer coisa útil, além daquelas as quais cultuamos obedientes? Estamos ocupados demais com os diversos cultos modernos, culto à saúde, à independência financeira, ao lazer, ‘utilidades’ hipertrofiadas, transformadas na vaidade cega da ‘perfeição física’, na ânsia incessante pela riqueza, no afogamento no prazer.

Algo tão desobrigado, espontâneo, verdadeiro como o amor ao próximo, torna-se como sentimento deslocado na Terra da Obediência. Pouquíssimos patrões do Capital andam por ai obrigando seus funcionários à trabalhos sociais, e menos ainda se preocupam em organizar um trabalho tal que concretize mudanças, que aproxime realmente as pessoas, tanto as ajudadas quanto as que ajudam. Criou-se há incontáveis anos atrás a tal da 'Filantropia da Riqueza'. Doações impessoais, vazias, sem contato humano, sem carinho, sem amizade, sem amor. Meras doações para suprir alguma necessidade fisiológica como a fome ou a higiene, nada restando para as necessidades emocionais, do coração e da alma, o companheirismo, a amizade, a união, a solidariedade, o calor humano.

Pior ainda, já não bastasse esta abominável falsa-caridade da Doação Indiferente, ainda surgiu a ‘moda’ da Responsabilidade Social como forma de Publicidade. Ajudar ao próximo agora gera aumento de vendas, aumento do lucro, aumento do consumo, da boa-imagem empresarial. O objetivo que era ajudar, transformou-se em investimento publicitário, e passou a ser apenas mais um meio de promoção mercadológica. Mercantilizamos a ‘solidariedade’, virou item na folha de ‘custos’, investimento lucrativo, economia da indiferença, grotesca inversão de valores!

Que ‘bela’ cultura esta moderna, uma cultura que celebra o ‘nada de novo’, porém disfarçado, maquiado pela erupção de ‘novidades mercadológicas’, escondendo a conservação do poder em mãos viciadas, pois este ‘nada’ não causa problemas, não questiona nem anseia por mudar as estruturas da injusta realidade.

Um ciclo que precisamos quebrar. Um ciclo que se quebra por si mesmo, pois torna tão insuportáveis e infelizes a vida de tantas almas andantes...

Mudemos. Sejamos amor próprio transbordando em infinito amor ao próximo.


“Amar é tudo o que importa!”

- Irmãos e irmãs, uma humanidade de amor e luz.

Que lugar melhor do que aqui! Que tempo melhor do que agora!


Algum dia

Algum dia existe?
Pode-se encontrá-lo pelos cantos escuros,
Empoeirados e esquecidos
Do calendário?

O que significa,
Além de algo inalcançável,
Sinônimo de desistência,
Prematura morte da certeza,
Falsa esperança, máscara de fel...?

Algum dia se alcançará a iluminação,
Algum dia a humanidade aprenderá,
Algum dia as pessoas saberão amar.
Algum dia...

--//--

Não deixemos para algum dia a nossa luta de hoje, pois se não pode faltar o pão-de-cada-dia, também a luta não aguarda, pois os que sangram tem pressa.

Tem que começar em algum lugar!
Tem que começar em algum tempo!
Que lugar melhor do que aqui!
Que tempo melhor que agora!

(música de Rage Against the Machine - Guerrilla Radio)

Onde está nosso poder, onde está a força da transformação? No aqui e no agora.

Seja você o primeiro, seja a centelha a acender corações para a mudança.

"Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!"

- N´um 4 de Julho, de 1989, na Praça da Paz Celestial, um homem lutou naquele momento, naquele lugar, mesmo sozinho, tomou para si a coragem da humanidade e enfrentou o gigante que é a luta pela justiça, pela paz, pela igualdade e pela liberdade. Pode parecer que não, mas na verdade ele venceu a grande batalha - mostrar a todos que podemos lutar, que podemos revolucionar.
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Quando o exemplo daquele soldado anônimo se fizer mil, milhão, bilhão, todos os corações cheios de amor e sede de justiça, nada poderá impedir a vitória.
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"Hasta la vitória siempre!"
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"Todo coração é uma célula revolucionária!"

Já não poderemos dizer nada? Quem luta ergue a voz e diz: Sou expressão de minha liberdade, de minha coragem, de minha consciência! Sou Revolução!


No Caminho com Maiakóviski
(fragmento do poema de Eduardo Alves da Costa)


Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

--//--


E a cada dia somos ultrajados, usurpados são os nossos direitos à educação, saúde, segurança e cultura, e não dizemos nada. Golpe por cima de golpe, a história é feita e a vemos apaticamente televisão afora... e ainda queremos reclamar? "Já não podemos dizer nada"... pois tudo aconteceu, nossas vidas passaram, nossos direitos definharam, nossas almas foram manchadas pela vergonha e pelo ridículo por que somos submetidos, e nada fizemos.

É o que queremos, os jardins de nossas vidas, nossa dignidade, humanidade, integridade, fraternidade, pisados por pés imundos e sanguinários?

Não creio, não posso crer, apesar de ver acontecer dia a dia...


Digo, clamo, levanto a voz e minha alma se ergue em luta e em revolta - Levantem-se, cidadãos, homens de todos os cantos e não aceitem as injustiças que presenciam! Não aceitem a supressão de seus direitos! Não aceitem tantas ofensas, tantas calamidades que batem nossas portas pois as chamamos em nosso descaso! Não aceitem as 'verdades' a que somos impostos sem questionar! Não aceitem! Lutem! Construam o mundo! Mudar o mundo está em nossas mãos!


"Ver um crime com calma, é cometê-lo" José Martí


Seremos criminosos, deixando o sangue dos miseráveis, dos injustiçados, dos humilhados e explorados correrem em nossas mãos inertes?


Lutemos.

Revolucionemos.