"Democracia"
Mais uma vez as ovelhas puderam escolher o pastor. E eu me pergunto a graça de estar na cerca, quando fora, ao pé do rio, a grama que cresce livre é tão mais doce...
Todos os graciosos cidadãos deste cercado agarram-se às falsas promessas, confiantes (tolos) no fim de seus tormentos. Crêem os pobres na revolução? Quando muito, nacos de pão. Pensam que as tosas se darão a intervalos justos (oquêi). Ou que o abate não se fará senão sob determinado intento (pois bem).
Mas as eleições são feitas, tempos em tempos, pelo dono das cercanias de modo a dizer-lhes que, por terem escolhido mal seu algoz, suportem o funcionário incapaz até o término de seu contrato, e que se rejubilem com seu destino, pois assim são as coisas e ninguém há de mudá-las.
É sabido, porém, que as boas ovelhas, envergonhadas de sua infeliz escolha, não levantam a voz nem a face para opor-se ao cajado que as conduz. Todas acreditam, de coração, que, aonde o pastor decidir conduzi-las, ali estarão em paz, afastadas do terrível lobo que espreita por cada fresta, e, dizem algumas, não tarda a se infiltrar no grupo para satisfazer-se sem sobressaltos.
Todos sabem que as ovelhas são animais estúpidos e não saberiam identificar um assassino entre as amigas. Para isso existe o pastor, que é de melhor estirpe e pode facilmente cuidar para que as coitadas, andando por aí por suas próprias idéias, não se percam em mato aberto, acostumadas que estão a arames farpados, vida regrada, fim definido (vitrine e panela).
Não somente as ovelhas escolhem seus pastores como também os burros interrompem a jornada para eleger a nova mão que os chicoteia. É sabido que os burros são bichos esforçados, embora às vezes empaquem e para isso é dado por Deus o direito da mão eleita descer sobre eles sua ferina chibata.
Uma ração mais farta de feno é o que prometem os candidatos. Contudo, de nada vale o cumprimento de tal promessa ao mais sábio dos animais, pois que as surras e a labuta tomam-lhe o porte e o dom de mastigar, e está definhando a olhos vistos. Contudo, conta com a regalia da desobrigação do voto, posto sua idade avançada, do que seu alto nível de conscientização não lhe permite dispor.
Não se trata aqui de alternativas reais para os que se vão conduzir ao laço, mas da simbólica atitude de aceitação para com seu destino. Legitimidade, todos sabem, é a alma do negócio. Dela carece mesmo o mais vil dos cretinos... Que dirá todo um complexo sistema que visa culpar os explorados por sua própria exploração?
À mim, ó ilusão juvenil!, nem a mão nem o algoz nem o pastor me domem, ou me impeçam de ir pastar onde quiser.
Todos os graciosos cidadãos deste cercado agarram-se às falsas promessas, confiantes (tolos) no fim de seus tormentos. Crêem os pobres na revolução? Quando muito, nacos de pão. Pensam que as tosas se darão a intervalos justos (oquêi). Ou que o abate não se fará senão sob determinado intento (pois bem).
Mas as eleições são feitas, tempos em tempos, pelo dono das cercanias de modo a dizer-lhes que, por terem escolhido mal seu algoz, suportem o funcionário incapaz até o término de seu contrato, e que se rejubilem com seu destino, pois assim são as coisas e ninguém há de mudá-las.
É sabido, porém, que as boas ovelhas, envergonhadas de sua infeliz escolha, não levantam a voz nem a face para opor-se ao cajado que as conduz. Todas acreditam, de coração, que, aonde o pastor decidir conduzi-las, ali estarão em paz, afastadas do terrível lobo que espreita por cada fresta, e, dizem algumas, não tarda a se infiltrar no grupo para satisfazer-se sem sobressaltos.
Todos sabem que as ovelhas são animais estúpidos e não saberiam identificar um assassino entre as amigas. Para isso existe o pastor, que é de melhor estirpe e pode facilmente cuidar para que as coitadas, andando por aí por suas próprias idéias, não se percam em mato aberto, acostumadas que estão a arames farpados, vida regrada, fim definido (vitrine e panela).
Não somente as ovelhas escolhem seus pastores como também os burros interrompem a jornada para eleger a nova mão que os chicoteia. É sabido que os burros são bichos esforçados, embora às vezes empaquem e para isso é dado por Deus o direito da mão eleita descer sobre eles sua ferina chibata.
Uma ração mais farta de feno é o que prometem os candidatos. Contudo, de nada vale o cumprimento de tal promessa ao mais sábio dos animais, pois que as surras e a labuta tomam-lhe o porte e o dom de mastigar, e está definhando a olhos vistos. Contudo, conta com a regalia da desobrigação do voto, posto sua idade avançada, do que seu alto nível de conscientização não lhe permite dispor.
Não se trata aqui de alternativas reais para os que se vão conduzir ao laço, mas da simbólica atitude de aceitação para com seu destino. Legitimidade, todos sabem, é a alma do negócio. Dela carece mesmo o mais vil dos cretinos... Que dirá todo um complexo sistema que visa culpar os explorados por sua própria exploração?
À mim, ó ilusão juvenil!, nem a mão nem o algoz nem o pastor me domem, ou me impeçam de ir pastar onde quiser.
Diego Calazans
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Não se enganem.
Sigamos cada um de nós nossos próprios caminhos.
Quem se deixa guiar, deixa que escolham por eles suas vidas.
Deixemos os 'pastores' para domarem o caminho das nuvens,
Assim como nos enganaram,
Que eles se enganem
Achando que podem domar a suprema liberdade
Dos ventos, das nuvens e dos homens e mulheres!
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