No Caminho com Maiakóviski
(fragmento do poema de Eduardo Alves da Costa)
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
--//--
E a cada dia somos ultrajados, usurpados são os nossos direitos à educação, saúde, segurança e cultura, e não dizemos nada. Golpe por cima de golpe, a história é feita e a vemos apaticamente televisão afora... e ainda queremos reclamar? "Já não podemos dizer nada"... pois tudo aconteceu, nossas vidas passaram, nossos direitos definharam, nossas almas foram manchadas pela vergonha e pelo ridículo por que somos submetidos, e nada fizemos.
É o que queremos, os jardins de nossas vidas, nossa dignidade, humanidade, integridade, fraternidade, pisados por pés imundos e sanguinários?
Não creio, não posso crer, apesar de ver acontecer dia a dia...
Digo, clamo, levanto a voz e minha alma se ergue em luta e em revolta - Levantem-se, cidadãos, homens de todos os cantos e não aceitem as injustiças que presenciam! Não aceitem a supressão de seus direitos! Não aceitem tantas ofensas, tantas calamidades que batem nossas portas pois as chamamos em nosso descaso! Não aceitem as 'verdades' a que somos impostos sem questionar! Não aceitem! Lutem! Construam o mundo! Mudar o mundo está em nossas mãos!
"Ver um crime com calma, é cometê-lo" José Martí
Seremos criminosos, deixando o sangue dos miseráveis, dos injustiçados, dos humilhados e explorados correrem em nossas mãos inertes?
Lutemos.
Revolucionemos.
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