quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Alguém?



Alguém pode dizer que não somos suicidas?

Alguém pode dizer que não somos suicidas?
Vivemos de guerras, armas e vícios.
Nossas máquinas e indústrias infanticidas,
Imensas linhas de produção de desperdício,
Transformam vidas miseráveis em infantarias do desespero.
E a morte se alastra n´um pandemônio brutal,
Movida pelo combustível violento do dinheiro,
Enquanto nós estamos entorpecidos pelo mal,
Por mil drogas avançadas e delirantes,
Propagandas, pílulas, carros possantes,
Que nos fazem esquecer que nosso sonhado futuro
Terminará em um grande e asqueroso funeral.

Todas as aspirações de humanidade
Que um dia tantas mulheres e homens
Já germinaram e cultivaram em seus corações
Serão esmagadas pelos tratores com ferocidade,
Feito formigas em uma imensa plantação
Pulverizada pelos venenos químicos da fome.

Não há lugar para seres humanos ou qualquer vida
Nessa produção mortal de máquinas genocidas
Máquina-homens, máquina-mulheres, máquina-bichos,
Habitantes de magacidades, mascarados hospícios.
Todo o mundo é agora dedicado
À operadoras de serviço de cartão de crédito,
Bancos multinacionais, fazendas exportadoras,
Que faturam dólares com nosso sangue fétido
E descartam o resto para que morra.

Alguém pode dizer que não somos suicidas?
Porque nossa atual evolução da espécie
Transforma em capital o que era o 'ser' do humano,
Fazendo de nós correntistas de um sistema profano,
Cobrador de uma conta de incontáveis cifras
Que podemos pagar parcelado ou em espécie
Vendendo todas as centelhas de nossas vidas.

Quem vai dizer? Quem?
Terá boca ou alto falante?
Pés e mãos, ou um tanque blindado?
Nos concederá um último pedido suplicante
Ou executará a sentença confiscando nosso legado?

O que deixaremos para o mundo
Serão as cinzas de nosso sistema imundo
E efêmeras lembranças dos tempos finados.



Alguém pode dizer que não somos suicidas?

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