sexta-feira, 8 de junho de 2007

Será o fim?

Nem a luz do sol será bastante para quem não quer ver, nem a realidade será o bastante para quem só quer se esconder atrás de si mesmo... indiferente, egoísta, preguiçoso...


O fim do Sr. Preguiça (Fábula)

Havia n’uma floresta tropical um animal muito demorado, que fazia muito pouco de sua vida, mal queria mover-se para sobreviver. Tudo ele fazia lentamente, porque não queria se cansar, queria poupar todas suas energias para quando... Bem, ele nunca usava suas energias. Ele vivia quietamente, apenas comendo as frutas das árvores, que passavam o dia inteiro no sol quente p’ra se alimentar, que lutavam para que, em conjunto com os insetinhos que polinizavam suas flores, uma diversidade colorida e floral virasse frutos e árvores. Porém, este esforço vegetal era pouco valorizado pelo Sr. Preguiça, que em sua vida pacata, pegava as frutas sem se importar com o trabalho que estas deram às árvores. Ele era tão moroso que as imponentes plantas frutíferas ficavam indignadas com o fato de ele ser sustentado por elas sem nenhuma retribuição. Em nada ele colaborava pela eficiência e alegria da mata, simplesmente seguia naquela rotina do menor esforço. Enquanto todos os animais estavam de pé logo cedo para realizar as obrigações diárias, ajudar os animais doentes e necessitados, cuidar das árvores, desempenhar os papéis que a grande Matriarca, a Natureza, tinha dado para eles, o Sr. Preguiça ainda estava dormindo, cansado, mole de sono.
Naquele período do ano, a floresta estava muito quente, e o sol escaldante brilhava forte no céu, pois era verão. A vegetação sofria e suas folhas se ressequiam. N’um desses calmos dias ensolarados, o cinzento bicho estava parado, como ele fazia sempre, n’algum lugar bem confortável, vendo o tempo passar. Porém, algo começou a perturbar aquela imutável paz. Ele notou vagamente que havia alguma coisa queimando perto dele. Alguma coisa quente. Vários minutos depois, quando aquilo já estava incomodando-o em demasia, ele decidiu enfim ver o que era. Vagarosamente foi se virando, primeiro os olhos rastejaram para o lado, depois a cabeça cansadamente acompanho-os, e minuto à minuto, todo o corpo, um pouco contra a vontade, movia-se para descobrir o que era aquilo que ardia perto dele. Finalmente ele terminou, e percebeu que havia um grande fogaréu dominando a floresta. Os outros animais estavam todos ocupados fazendo suas tarefas, longe dali, e não podiam impedir o fogo. Apenas aquela criatura, preguiçosa como dizia seu nome, podia salvar a mata, se corresse para chamar os outros e ajudasse a apagar as chamas. Ele parou para pensar, e como de costume, ficou longamente parado, em vez de pensar. Tempo depois, despertou e lembrou que o fogo se alastrava. Mas, ele estava cansado demais para fazer alguma coisa, e ele era só um e não podia cuidar daquilo tudo. Nada ele poderia fazer, achava. Nada, a não ser procurar outro lugar, não muito longe dali (pois ele não podia gastar muitas forças para chegar lá), para voltar a descansar. Então, novamente ele começou sua odisséia para conseguir virar-se, e foi embora. Era esforço demais, ele não tinha coragem de impedir o fogo, ficava se justificando. Foi embora, e o incêndio seguiu incólume, rumo ao fim da floresta. Quando o Sr. Preguiça já estava a caminho de sua próxima cama, depois de várias horas, o vento mudou de direção e fez com que o fogo fosse em seu encalço. O bicho voltou a sentir aquele incomodo ardor em suas costas, mas não podia virar-se, gastaria muitas energias. Rapidamente as chamas o alcançaram, e foi o fim do Sr. Preguiça.
Nada quis fazer, além de procurar o próprio conforto, perdeu-se em sua lei (a do menor esforço) e levou todos à perdição também. O fogo das responsabilidades, da injustiça, das causas humanas não resolvidas, da desigualdade e da guerra, venceram o comodismo do Sr. Preguiça, cujos atos se assemelham muito com o de muitos homens nesta moderna selva de concreto.

Fim.

Um comentário:

Malu Medeiros disse...

Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah e o mundo é perfeito
Hum e o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito ♪