terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Simultaneamente...


Enquanto

Uma mão avança rumo ao copo,
Enche-o de bebida e leva-o á boca;

No mesmo instante, cai um homem roto,
Desesperado e fraco pela fome que o enforca;

O líquido frio adoça-lhe o paladar,
Satisfaz o efêmero apetite inacabável;

O ventre retraído está por terminar
A vida deste faminto invisível, inominável;

Ele olha ao redor, lhe vem ao pensamento
Que a farta existência vivida não é o bastante;

As pernas tremem, o corpo está doente.
A aridez que o cerca tinge-lhe o semblante;

Um novo gole, e ambiciona algo mais,
Talvez algum outro luxo que traga felicidade;

As últimas forças desaparecem e caído jaz,
Aquele pobre homem morreu, e n´outra parte

Algum jovem rico desfruta da desigualdade,
Deleita-se na bonança, enquanto morre a humanidade.



Um comentário:

Malu Medeiros disse...

♪ Como arroz e feijão
A perfeita combinação
Soma de duas metades ♪